O início de tudo
Há 25 anos, o pecuarista Irineu Lopes Machado, à frente da Ilma Agropecuária, começou a criar gado Canchim e se tornou um dos pilares que sustentam a evolução da raça no cenário nacional. Parceiro e batalhador, o criador conquistou o sucesso e cativou verdadeiros amigos.
(Matéria veiculada na Revista Canchim, edição 5, Julho 2014. Disponível neste link)
Íntegro e admirável. É assim que o pecuarista Irineu Lopes Machado, da Ilma Agropecuária, de Angatuba (SP), é visto pelos amigos e também criadores da raça Canchim. Com sua postura respeitosa e companheira, Irineu conseguiu conquistar algo muito difícil em qualquer ambiente: o carinho de quase todos os seus companheiros de atividade – para não dizer o de todos.
Vindo da pequena Angatuba, cidade localizada a 210 km de São Paulo, aos 18 anos Irineu decidiu se mudar para a capital com o objetivo de trabalhar e estudar. “Após um ano, voltei para minha cidade pela decepção salarial, que mal dava para me sustentar e também por não conseguir estudar devido ao alto custo da faculdade”, conta. Persistente e com o incentivo de sua mãe, que fazia questão que ele estudasse, Irineu continuou batalhando em busca de uma oportunidade de mudar de vida. Desistir logo na primeira tentativa não era uma de suas opções. “Minha mãe, viúva na época, até queria me ajudar com algum recurso de sua aposentadoria, a única coisa que tínhamos para sobreviver”, afirma.
Mas logo uma oportunidade surgiu e ele conseguiu um emprego na cidade de Itapetininga (SP), para trabalhar na Tercola Terraplanagem e Construção.“Lá morei, trabalhei e estudei por quatro anos, conseguindo fazer a Faculdade de Administração de Empresas e Ciências Contábeis, tendo vencido a primeira etapa de minha vida, ou seja, minha primeira grande conquista. Consegui aquilo que minha mãe tanto desejava e sonhava”, lembra.
Durante o período que passou em Itapetininga, Irineu conquistou um enorme respeito e prestígio por parte de seus chefes e dos proprietários da empresa em que trabalhava. “Tenho a impressão que eles me consideravam uma pessoa de valor, eficiente, sei lá, talvez seja carisma mesmo”, diz. “Mas me parece que eu queria algo a mais, talvez não fosse uma pessoa para obedecer ordens, cumprir metas, fazer relatórios… Realmente não era o meu perfil”, completa.
Ao pedir demissão da empresa, ele teve uma grande oportunidade profissional ao receber uma proposta de sociedade da proprietária da Tercola para uma filial da empresa em Angatuba. Mas, com outros planos em mente, Irineu optou por trabalhar por conta própria. “Decidi atuar na área de comercialização de cereais, atividade que aprendi com meu pai, que havia falecido quando eu era muito jovem, por volta dos 16 anos, e com meu tio, Toniquinho. O comércio parecia correr em minhas veias”, diz. Nasceu, assim, a Ilma Cereais, na região de Angatuba. “Passei 33 anos da minha vida – logo depois de casado – dedicado a esse ramo, onde consegui crescer, evoluir e investir em algumas coisas”.
Foi assim que, aos poucos, ele se tornou pecuarista. Começou investindo em terras – investimento mais seguro ao seu modo de ver – e juntou cerca de 3.500 hectares ao longo dos anos. “Foi quando surgiu, então, a Ilma Agropecuária, atuando, inicialmente, no setor de produção de carne, ou seja, pecuária de corte”, conta. “No começo, eu comprava alguns animais – o que aparecia –, engordava e vendia para abate. Com o tempo, fui formando um plantel de matrizes aneloradas e criando bezerros, dos quais parte vendia e outra parte recriava e engordava”, explica.