Projeto de 2018, com uso de touros em monta natural, tem como objetivo a composição de um novo rebanho experimental na universidade
Em setembro de 2018, na última desmama da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), os bezerros registraram média de 210 kg por cabeça, peso 14% superior aos 180 kg registrados habitualmente pela entidade. O resultado surpreendente, mas já esperado pelos pesquisadores, aconteceu por um único motivo: o uso do touro Canchim no processo de melhoria genética do rebanho experimental da universidade, hoje, composto por matrizes aneloradas e gado mestiço.
O projeto, iniciado em 2017, foi desenvolvido para melhorar dois importantes indicadores econômicos regionais do Campus Lagoa do Sino, localizado em Buri (SP). O primeiro o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 40 municípios no entorno da universidade, considerado baixo; o segundo, o nível tecnológico dos rebanhos de corte que estão inseridos na agricultura familiar, atividade recorrente na região. O uso do Canchim foi feito para potencializar os lucros no cruzamento industrial a partir do melhoramento genético, tecnologia de produção bastante utilizada pelos pequenos produtores.
O trabalho foi orientado pela Embrapa Pecuária Sudeste e contou com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCan), sob coordenação dos professores Gustavo Fonseca de Almeida e Danilo Tancler Stipp, da UFSCAR, que refizeram a aposta na raça após os resultados da primeira desmama. Em 2018, o touro utilizado no processo veio da Ilma Agropecuária, de Angatuba (SP), propriedade de Irineu e Adriano Lopes – Presidente da ABCCan na ocasião – que, além de conhecida pela produção de genética diferenciada, mantém proximidade com o Campus Lagoa do Sino, facilitando a troca de informações e maior apoio ao experimento. “Buscamos o Canchim, justamente por termos na região animais muito evoluído geneticamente, o que ajudará alcançarmos altos índices de produtividade logo no início do projeto”, diz Gustavo Fonseca, acrescentando: “A parceria com a Ilma tem auxiliado no delineamento do projeto de produção animal com boas estratégias de manejo, nutrição e reprodução, elementos fundamentais para o avanço de qualquer rebanho”.
Para Daniel Mendes Borges Campos, zootecnista responsável pela parte reprodutiva do projeto, a raça demonstrou alta taxa de fertilidade na monta. Das 27 vacas levadas à reprodução, cerca de 50% das fêmeas com escore corporal ideal foram entouradas, desmamando produtos com ótimo desempenho. “Nossa expectativa é trabalharmos futuramente na composição de um plantel puro, já que a raça demonstrou alto vigor já nos primeiros resultados”, observa o zootecnista.
A ABCCan, por sua vez, parceira da UFSCAR, destaca a importância da orientação da Embrapa, onde a raça nasceu e se desenvolveu geneticamente. “O setor produtivo deve caminhar junto com o setor acadêmico para que a pecuária se desenvolva mais rapidamente. Estamos muito felizes em ajudar em mais um projeto de aproximação com duas grandes entidades envolvidas com o Canchim”, conclui Adriano Lopes.